domingo, 17 de agosto de 2008

Reunião com Diretor Industrial.

"Vamos montar o Diálogo Aberto, um programa de comunicação interna".
As palavras do Diretor Industrial impressionaram pela veemência. Agora, parece que a coisa toda ia andar - afinal, a ameaça de greve tinha sido um desgaste enorme para a empresa.

Logo, um dos superintendentes perguntou: "Excelente nome...Mas como será na prática? Vamos começar a falar diretamente com os empregados?". Um silêncio sepulcral paralisou o salão de reuniões para logo em seguida ser cortado pela voz do chefe: "Não, nada disso. Vamos com muita calma, em etapas lentas, graduais e seguras. Primeiro faremos uma reunião nossa, depois outra com nossos assessores de maior confiança."

O Assessor então perguntou ao Diretor:
"Podemos divulgar então o novo programa nos murais da fábrica?"
"Não, calma, deixa o diálogo aberto deslanchar primeiro..."

Foi nessa hora que o inocente estagiário acrescentou:
"Mas um diálogo já não é aberto por natureza? Acho que não existe diálogo fechado, existe?"
No que o chefe retrucou com mais veemência ainda:
"Existe sim, diálogo fechado é quando eu bato na mesa e digo que quero que seja dessa forma e ponto final. Pronto, diálogo fechado!".

A sala ficou muda novamente...até que a senhora Fafá, de setenta anos que estava servindo o cafézinho, susurrou: "Mas isso então, não é diálogo...é monólogo" e saiu de fininho para a cozinha deixando os presentes a pensar.

Ahn, o estagiário deixou a empresa uns vinte dias depois da célebre reunião. Ninguém soube dizer o porquê.